quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Hist. (2)



D.Diniz

D. Dinis (9 de Outubro de 1261 - 7 de Janeiro 1325, Santarém) foi o sexto rei de Portugal, entre 1279 e 1325. Filho de D. Afonso II e da infanta Beatriz de Castela, foi casado com Isabel, princesa de Aragão, mais tarde rainha Sta. Isabel.

Cognominado de "O Lavrador", "O Rei-Agricultor", "O Rei-Poeta" ou ainda "O Rei-Trovador", D. Dinis foi essencialmente um rei administrador e não guerreiro. Foi autor de uma obra extraordinária em prol do desenvolvimento de Portugal:
- Firmou a paz com Castela através do Tratado de Alcanises (1297) onde se definiram as fronteiras entre os dois países.
- Organizou o Reino, continuando as políticas de legislação iniciadas pelo seu pai, tendo publicado o núcleo-base de um Código focando a protecção das classes menos favorecidas de abusos de poder.
- Desenvolveu a agricultura promovendo a autonomia do país autónomo neste capítulo. Neste campo desenvolveu uma "reforma agrária" redistribuindo terras e promovendo a actividade agrícola tendo ainda fundado várias comunidades rurais, assim como mercados e feiras.
- Como pessoa de grande cultura para a época, apoiou as artes e as letras, ele próprio poeta e autor de numerosos poemas e “cantigas de amigo” e “cantigas de maldizer”. Refira-se que durante o seu reinado, Lisboa era um dos centros europeus de cultura.
- Fundou a Universidade de Coimbra, uma das mais antigas do mundo., através do decreto Magna Charta Priveligiorum.
- Desenvolveu a construção naval, criando uma armada.
- Conduziu as negociações e firmou o primeiro tratado de aliança com a Inglaterra, um tratado que ainda se encontra em vigor e foi útil a Portugal em diversas ocasiões.
- Mandou florestar o território e plantar pinhais, como o de Leiria, que viriam a dar, 100 anos mais tarde, a matéria-prima para a construção das caravelas que viriam a navegar por todo o planeta em nome de Portugal.
- E foi um diplomata de enorme talento, como ficou provado na questão dos Templários.

De facto, a forma como D. Dinis tratou a questão dos Templários foi talvez a realização mais notável do seu reinado. Senão vejamos:
Felipe IV de França, conhecido como Felipe o Belo, temeroso do poder da Ordem do Templo, que constituía na época um Estado dentro do Estado francês, e ambicionando as riquezas que esta aparentava possuir, com o apoio do Papa Clemente V mandou prender todos os Cavaleiros do Templo, numa sexta-feira, dia 13 de Outubro de 1307. Na sequência de um processo judicial conturbado, o Papa aprovou a extinção da Ordem do Templo no Concílio de Viena em 1312. A maioria dos Templários foi executada na fogueira, incluindo o seu Grão-Mestre Jacques de Molay, em 1314. Aquando da prisão dos caveiros Templários, em 1307, o rei Filipe tentou tomar posse dos tesouros dos templários, no entanto quando seus homens chegaram ao porto, a frota Templária já havia partido misteriosamente com todos os tesouros, e jamais foi encontrada. Os possíveis destinos dessa frota seriam Portugal, onde os templários seriam protegidos; Inglaterra, onde se poderiam refugiar por algum tempo, e Escócia onde também se poderiam refugiar com bastante segurança.
É de supor que essa frota ou parte dessa frota tenha demandado portos portugueses. A coroborar esta suspeita está o facto de que, quando D. Dinis recebeu instruções de Roma para extinguir a Ordem do Templo e prender os seus Cavaleiros, o nosso rei não fez nada disso. Rodeou a questão com rara mestria: protegeu os Templários portugueses bem como vários que haviam fugido de França procurado refúgio em Portugal e criou uma nova Ordem, a que chamou “Ordem de Cristo”, tendo transferido para ela todos os bens dos Templários e os próprios Cavaleiros. E o mais extraordinário de tudo, é que conseguiu a aprovação do Papa para esta mudança e para a nova “Ordem de Cristo”.

Que motivos tinha D. Dinis para assim proceder? Quando em toda a Europa os Templários foram perseguidos, presos, torturados e queimados na fogueira, D. Dinis protege-os e acolhe-os na “Ordem de Cristo” cujo emblema irá emoldurar as velas das caravelas portuguesas.
E o que é que teria motivado D. Dinis quando resolveu nacionalizar outras Ordens, como a de Santiago, libertando-a da dependência da Ordem do mesmo nome de Castela e Leão, como a Ordem de Avis, libertando-a dos laços que a ligavam à sua irmã castelhana “Ordem de Calatrava”.

Mas a protecção da Ordem do Templo por D. Dinis começa logo no início do seu reinado. No livro do mestrado de Cristo da Chancelaria de D. Manuel I, podemos ler o seguinte:
D.Dinis diz que o Mestre da Cavalaria do Templo lhe mandou dizer que ricos-homens, cavaleiros, alcaides e outros homens pousam nos casais e lugares da Ordem do Templo, e fazem muito mal e muita força, e filham ende pão e vinho, carne e cevada e outras cousas, contra a vontade sua e dos que hi moram.
Isso, diz El-Rei, só ele o pode fazer: quem o fizer ficará por seu inimigo


Logo que a ordem do Papa foi recebida, D. Dinis determinou de imediato que ninguém tocasse nem nos bens nem nos próprios Cavaleiros, gorando assim a expectativa de muitos membros do clero que logo começaram a tentar apropriar-se de propriedades templárias. O próprio Papa, na altura João XXII, viu neutralizada pelo rei português a sua oferta do castelo de Tomar ao seu amigo Cardeal Bertrand.

D. Isabel, a esposa de D. Dinis, que viria a tornar-se santa pelos muitos milagres que lhe são atribuídos, foi a principal promotora do culto do Espírito Santo em Portugal. Este culto era muito caro aos templários que o haviam levado para Portugal e que também constituía uma heresia aos olhos de Roma. É também conhecido que o aio de D. Isabel era um Cavaleiro Templário. Quando o clero, apoiado por Roma, quis abolir o culto do Espírito Santo, nada pôde fazer, pois este culto tinha o apoio explícito do rei, da rainha, da Ordem do Templo e mais tarde da sua sucessora, a Ordem de Cristo.

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A chuva coloca à vista de todos a incapacidade dos políticos que dizem governar Thomar. Por todo o lado se assiste à degradação do património urbano. Como manter o slogam de "cidade jardim" quando proliferam as ruínas como se tivessemos sobrevivido a um terramoto?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Nas ruas baixas da cidade, onde outrora, umas vezes a trote e outras a galope, calcorreava a caminho do Castelo, sente-se agora um cheiro nauseabundo que a todos choca.
Obras mal planeadas e feitas à pressa costumam dar origem a situações lamentáveis como esta. Vem um pouco de chuva e descobrem-se os podres de uma gestão feita unicamente da imagem e não da competência.
Infelizmente mais uma lição para os que julgavam que do Politécnico só vinham coisas boas!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Hist. (1)

FORAL de Tomar de 1162

(Latim)

In dei nomine Amen. Ego Magister Gaudinus vna cum fratribus meis vobis qui em Thomar estis habituri maioribus et minoribus cuiuscumque ordinis sitis et filiis uestris et progeniis fratribus templi salomonis in fide permanentibus placuit nobis facere cartam firmitudinis de iure hereditatum uestrarum quas ibi populatis et de foro atque seruicio.

[1º] In primis ut nunquam faciatis nobis senaram.
[2º] Et de perda de fossado non detis nisi ad zagan duas partes et uobis remaneant due.
[3º] Et de azaria et de tota illa caualgada in qua non fuerit rex nobis quintam
partem vobis quatuor partes absque vlla alcaidaria.
[4º] Siquis militum emerit uineam a tributario sit libera.
[5º] Et si acceperit in coniugiuml vxoren tributarii omnis hereditas quam habuerit sit libera.
[6º] Et si tributarius potuerit esse miles habeat moren militum.
[7º] Milites habeant suas hereditates liberas.
[8º] Et siquis militum venerit in senectute vt non possit militare quandiu vixerit sit in honore militum.
[9º] Et si miles obierit vxor que remansserit sit honorata ut in diebus mariti sui.
[10º] Et nullus eam uel filiam alicuius accipiat in coningium sine voluntate sua
et parentum suorum.
[11º] Saihon non eat domum alicuius sigillare.
[12º] Et si aliquis fecerit aliquid illicitum veniat in concilium et iudicetur recte.
[13º] Et judex et alcayde sint vobis positi sine ofrecione.
[14º] Clerici thomar habeant in omnibus honorem militum in uineis et terris et domibus.
[15º] Et si alicui militum obierit equs et non potuerit emere alterum nos
dabimus ei.
[16º] Et si non dederimus stet honoratus donec possit habere vnde emat.
[17º] Infançon et aliquis homo non habeat in thomar domum neque hereditatem nisi qui uoluerit habiatre nobiscum et seruire sicut vos.
[18º] ln illas acenias non detis plusquam quartam decimam partem sine offrecione.
[19º] Pedites dent de ratione quantum solent dare pedites de colimbria per quartarium de XVI alqueres sine brachio posito et tabullam.
[20º] De uino et lino dent octauam partem.
[21º] Et de madeira que adueunt pro vendere dent octauam partem.
[22º] In lagaradicam de uino de quinque quinalles inferius dent almude et si super fuerit dent quartam sine ofrecione et jantare.
[23º] Nullus milles extraneus intret domum alicuius syne uoluntate domini domus.
[24º] Si aliquis laborator habuerit iuicoonem non faciat cum ea aliquod fiscum.
[25º] Almoqueueres faciant vnum seruicium in anno.
[26º] Et inter uos non sit ulla manaria.
[27º] Et si aliquis uestrum uoluerit transire ad alium dominiun, vel ad aliam terram
habeat potestatem donandi seu uendendi suam hereditatem cuiuscumque voluert qui in a habitet et sit noster homo sicut vnus ex vobis.
[28º] Atalhaias ponamus nos medietatem anni et vos medietatem.
[29º] Non detis portaticum vel alcauallam aut cibariam custodibus ciuitatis uel
porte.
[30º] Tomar nunquam damus por alcauallan alicuy.

Hoc forum et hanc consuetudinem coram probis hominibus deo donante statuimus atque concedimus a nobis quam a successoribus nostris perpetuo et illibitate tenendum firmamus. Siquis vero quod fieri non credimus aliquis successorum nostrorum Magister siue fratres seu alienus hoc nostrum statutum infringere voluerit iuxta dei ulcionem confringatur et pereat cum diabolo et angelis cius sine fine puniendus nisi digna satis se emendatione correxerit.

Facta firmamenti carta mense nouembro Era Mª. CCª. Regnante domno illdefonso portugalensium rege Comitis henrrici et regine Tarasie fillio magno illdefonsy nepote.
Pellagius deconus notauit. Petrus pelagii, Gondisaluus de Sausa dapifer, Donus Rodericus comes, Donus ticion alcayde de Colimbria, Donus guian alcayde de Sanctaren.

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Tomar é hoje uma sombra da cidade progressista e inovadora que foi no passado. Deixou de ser berço da Saber e da Ciência. Deixou de ser o farol de homens e mulheres em busca de esperança. Deixou de ser uma cidade apetecível para viver.

Hoje, os que restam, os que não desistiram de lutar por esta terra, e que são cada vez menos, lembram personagens masoquistas das novelas de Balzac.

Só, e com todo o tempo do mundo, irei meditar sobre estes acontecimentos mundanos que atrapalham o nosso futuro. Ou pelo menos o futuro dos que nele ainda acreditam.

Frei Gualdim,
no dia de São Martinho,
do ano 2009 da graça de Deus
(11-11-2009)